
E chegas ao fim numa linha sem um horizonte
e vogas sobre o vazio que se abre a teus pés
é alta a falésia no fim de uma rua sem ponte
e a dor que sentes, por não seres quem tu és

Cambaleaste entre o muro e as ruas repetidas
e caiste nos braços do desdém e do desagrado
de joelhos guardas lágrimas nas tuas feridas
e no rosto as tatuagens do desespero marcado

Vejo-te assim à distancia uma mulher perdida
que se deixa levar sem sentido pela ausência
da sombra que se perdeu nela por ela na vida
como uma semente que não germina pela doença

Vejo-te ó mulher, presa a um desespero mortal
por tudo o que te falha numa vida sem sentido
é o amor, a criança, é vida sem cor e sem sal
num desespero que te come os sinais de perigo