quinta-feira, janeiro 01, 2009

Desencontros....











espaços vazios


enchem-me de dor



pela ausência



de quem não chega


rascunho linhas



despidas de cor



numa soma dividida



numa conta cega






Ela nem imagina

Ele nunca me vai ver








reparo no improvável

que tarda em chegar

como se a perda

fosse um retalho menor

onde o sujeito deixa


o tempo singular

preso a um canto



num remendo sem cor







Se ele sentisse

Só por uma vez

Que paro quando fala

Que rio quando olha

E coro quando é p'ra mim

E quero que me agarre
















E aqui me escondo

de quem fica a ver

devorado pela rua

que o beco persegue

As letras pintam

cartas sem querer


sobre o passado

que não se perde

Volto a cruzar-me com ela

Fingindo não o ver







E a vontade desistiu

à porta num toque


como se a coragem

não tivesse validade



o olhar não foi além

do desejo por sorte



e parado ele ficou

agarrado à saudade








este meu estar

que me consome


deixa me agarrado

e tão pronto


como se a chuva

fosse areia mole


numa doce vaga

que me leva o sonho