sábado, setembro 15, 2007

Prostitut(a) !?!?









Num copo de vinho frio fica o conforto
É o cristal que lhe diz para não chorar
Deitada espera que se venha rápido o porco
Em lábios fechados vazios a secar


Mas a noite está lá para lhe lembrar
Das mãos sujas que lhe tocam a medo
Dos olhos negros que lhe tentam magoar
Com o poder da posse que lhes dá o ego








Mas o quarto vazio é agora o único amigo
E o final da noite um quente cobertor
As notas deitadas na cama são o inimigo
Deixadas pelo Juiz e pelo Sr.Professor



O dinheiro não lhe trouxe a liberdade
Passou a ser apenas um disfarce a usar
Para que ela não pense na possibilidade
De se estar a vender ou a deixar comprar




Perder a alma não é vida para uma jovem
Mas é tudo uma questão de sorte ou azar
Pois a mulher que se vende a um homem
Espera sempre,
que ele
nunca
a consiga comprar

domingo, setembro 09, 2007

Vinho que amargou












(Embriaguez de quem ficou sóbrio)























Faz algum tempo




Des-do`dia que passou e que te encontrei


numa palavra dita com espanto



sobre aquilo que eu não disse



ou aquilo que eu pensei






Jovem tu eras e não era certo


O que te calei quando tudo aconteceu


pois nunca pensei que o longe ficasse perto


daquilo que por todo lado


em lado nenhum nasceu










Eu não tinha muito jeito para pouco amar


Apenas um poema esquecido eu rascunhei


Lembro-me da tua roupa e do cheiro do mar



Que no teu meu corpo pintado, eu achei...







Na primeira noite calei-me à luz do amor


E tu falaste-me do fim que tem o eterno


Junto ao mar deixaste-me impregnado o-dor


Da marca do sol com o sabor do Inverno






Em tempos tu foste a minha respiração



Mas agora eu sei que essa flor já secou



E o que outrora foi o licor do coração



Tem agora o sabor de vinho que amargou







Eu sei que hoje eu já não te faço rir


Mas ontem tu rias daquilo que eu dizia
E quando as palavras custavam a sair


Na minha pena encontravas,

aquilo que na minha voz eu não via







Lembro-me da cerveja à sombra do rio


E do Saldanha que nos levou a voar
Lembro-me do sabor do filme que se viu


Mas agora...,
tudo tem o sabor de vinho a`amargar















(...)
.



















Como tudo aquilo que desiste na vida

Até o amor eterno tem que morrer
Ninguém ficou a chorar por ele naquela esquina
Quando ele morreu
e eles sozinhos ficaram a ver...






***





Muito vagamente inspirado num poema americano do século passado


PS: Procura-se nova rota para a barca..., talvez uma ilha...

terça-feira, setembro 04, 2007

A Ilha do Arcanjo











"Onde o mar, com paredes de vidro, rodeia o centro inviolável: A Ilha"





















"Eu vos direi da ilha que na dornado








Arcanjo é eterna em chão escasso.








Fulva de gado ao dia. À noite, morna.








Embebida no verde. E o mar colaço.

















Ilhado alumbramento em templo torna








a unção de comtemplar. Um ténue traço








de garça entre água e céu. A paz encorna








em lagoa e lavoura o tempo e o espaço.










Tanto silêncio confiado à luz!








Trema um nenúfar se um trilo tremeluz.








Caiam o sol de azul os agapantos.























Na cevadeira a broa luminosa,








romeiros nos persignam com uma rosa.








Suas rezas joeiram pombos santos."



















Natália Correia