sábado, maio 30, 2009

Trilogia de uma mulher desesperada - Parte III



E chegas ao fim numa linha sem um horizonte
e vogas sobre o vazio que se abre a teus pés
é alta a falésia no fim de uma rua sem ponte
e a dor que sentes, por não seres quem tu és








Cambaleaste entre o muro e as ruas repetidas
e caiste nos braços do desdém e do desagrado
de joelhos guardas lágrimas nas tuas feridas
e no rosto as tatuagens do desespero marcado










Vejo-te assim à distancia uma mulher perdida
que se deixa levar sem sentido pela ausência
da sombra que se perdeu nela por ela na vida
como uma semente que não germina pela doença







Vejo-te ó mulher, presa a um desespero mortal
por tudo o que te falha numa vida sem sentido
é o amor, a criança, é vida sem cor e sem sal
num desespero que te come os sinais de perigo





Trilogia de uma mulher desesperada - Parte II







Oh sombra que passas indolente pela rua
calada num silêncio vertido na multidão
vais vestida de cinza com a tua alma nua
cruzando o destino com almas sem coração











Procuras o esvaziar da ausência presente
nas esquinas que
escondem nele o querer
pela sombra que busca em redor o que sente
nesse teu coração ferido pelo acto de bater






Vês-te presa ao rumo da pedra da calçada
que te leva embriagada para outro destino
onde o sentimento voa contigo arrastada
por entre os empurrões de um mero vizinho






Refugiada, deixas-te ficar num beco a caminho
pela história que te deixou tão maltratada
ela guarda a dor num copo de três com vinho
adormecendo uma mulher simplesmente desesperada






terça-feira, maio 12, 2009

Trilogia de uma mulher desesperada - Parte I

vislumbro-te no aceno de uma pétala
no mergulho de uma mulher já louca
que abre as pernas por quem desespera
na raiva contida que ficou à solta



















vejo-te na coragem oca de quem grita
presa às palavras de quem te engana
Onde o acto não te dá aquilo que tira
numa soma negativa, numa conta estranha



















Respiro-te, no fumo amargo do cigarro
no suor despendido pelo prazer ausente
no pensamento vazio,distante e bizarro
de um corpo com uma sombra diferente



















Tenho-te, à distancia de um mero olhar
entre as janelas que cruzavam a vida
na tua a chuva imitava a voz do chorar
de uma mulher desesperadamente possuida



sábado, maio 02, 2009

RETRATO DE UMA MULHER








o teu olhar é doce e carente
como um sentimento diferente,
que supera os limites da lua,
na fronteira que a noite traz





mas a noite já não é aliada,
nem o torna verdeiro e real,
pois é o medo que tens,
em que ele não seja,
que faz dele, por vezes...,
um olhar doce e banal





o teu rosto envelhecido pelo carvalho
já não esconde o que o sol traz à rua,
numa mão que toca a face e sente o rasgo
que risca a pele...
quando a pele fica nua






mas a concha ainda se entrega à brisa
como um sorriso àspero que nasce solene
deixando doce o sorriso que se avista
quando ao longe...
tu olhas o vento ao de leve








Os Cabelos que serpenteiam o pescoço
com linhas feitas com restos de carvão
onde os pingos de neve são o desgosto
que o branco o é sem sequer ter razão









e ao tocar-te, áspero, suave e delicado
ele deixa-se ficar entrelaçado no olhar
como o caule de uma flor ao contrário
boiando ao acaso por entre fios a voar




As mãos prolongam-se pela base de aço
sustentando as lágrimas que podem cair
juntas, elas se procuram no seu espaço
juntas, as tuas mãos fazem-te a sorrir




são longos e prefeitos na geometria
tez pálida e com pouca beleza usados
são mestres talvez com pouca mestria
companheiros outrora... de beijos e abraços






Um corpo que se procura em amargo anseio
Com cheiro de perfume mas vazio de odor
Disfarçado na sombra que disfarça o desejo
sem saber se vejo...
prazer, mágoa ou dor








Linhas que se misturam com a noite vestida
Tornando o teu corpo sombra e escuridão
Fazendo dele uma lembrança ontem vista
Na praia onde o calor fez um dia de verão





NOTA: Reinvenção de um conjunto de posts