quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Agoras de outrora...



Acto n.º ... ,
Hum, já não me lembro...

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Meditei, enquanto tu foste levá-la ao autocarro, embora isso seja presunção minha, visto que disseste que ela ia para casa…
Depois vi-te lá fora exposta a uma aragem já de certa forma outonal, olhando para longe.....
- O que é que estavas a fazer ? - perguntei-te quando chegaste.
- Estive a pensar - respondeste, bebendo de seguida e com um movimento brusco o que restava da tua cerveja
- Então pensa lá. Mas não fiques com essa cara de Outono.
- Deixa-me ...
- Deixo-te !?!
- Sim, deixa-me...., deixa-me pensar que sou só e que tudo posso, e que as reponsabilidades se extinguiram naquela esquina que ficou lá embaixo, e quando aqui entrei..., que a vida se comporta conforme as marés e não segundo os ditames daquilo que me rodeia e que mais odeio.
- Desculpa se disse algo.
- Não..., tu não disseste nada..., tu nunca dizes nada !!
- Olha lá, porque é que eu estou a sentir que estás a querer dizer alguma coisa. Se o queres di-lo.
- Assim como tu, que dizes tanto e nada dizes apesar de dizeres tudo...., sabes, tu és quem tu dizes ser, mas não consegues vestir com palavras aquilo que te vai na alma, nem sequer consegues desenhar com as mãos aquilo que crias no coração.
- Mas o que é que se passa !?!, Porque é que estás tão séria..., aconteceu alguma coisa com a tua amiga !?!
- Tu só crias dúvidas aonde deviam existir certezas.
- Mas espera lá, o que é que se está aqui a passar, a quem é que tenho que agradecer esse teu discurso tão preenchido por dúvidas existenciais sobre a minha pessoa e as minhas atitudes. Para onde me queres levar hoje !?! Não sei se me agrada o local aonde me queres levar a passar a tarde.
- Gostava de te levar para um local aonde fosse abundante a coragem e o silêncio tivesse uma linguagem tangível e sonora, gostava que a vontade de gritar cuja falta me atormenta encontrasse eco no teu coração e voz na tua boca. Pois se for certo que estas dúvidas também te assaltam, então a seara que se desenha em nosso redor está condenada a ser infértil,vazia...,um deserto de dúvidas que não produzem fruto de qualquer espécie, antes me atormentam e te debilitam.
- Estás a chamar-me de cobarde porque pensas que sou ou porque vês-me como reflexo de um espelho a quem tu chamas de Mar !?!
- Tou a chamar-te cobarde porque tu o és !! Porque queres que tudo seja simples e que o cinza se transforme em azul como o sol substitui a lua. Mas não fazes nada. Ou pior, falas sobre o meu riso, trazes-me rosas, dizes que o Sul foi uma onda de prata que invadiu as nossas vidas.
Então ela humedeceu os lábios.....
- Uma onda de prata !!!!!
Este assomo de franqueza aliado a palavras que me queimavam como ferro em brasa, fizeram com que ficasse cada vez mais calado
- E então, diz-me o que mais fizeste ?
- Eu......
- Diz o que mais me disseste ?
- ...
- Porque é que hoje não me tocaste...., não me beijaste.
- ....e tu !?! - sussurei por entre dentes !!
- Eu..., eu sinto-me sozinha....perdida entre dois mundos, fraca e cinzenta..., cobarde.... orfã de quem por mim lute, de quem me puxe para perto dele e me aconchegue. Sinto-me orfã de um banco de jardim onde duas pessoas se amam com o simples estar entre um livro que se lê e um rosto que descansa nas pernas de alguém.
- ...

(...)
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3 comentários:

Lady disse...

Mhmmm... um invulgar post... nesta tua barca...
Sabes... existe um ditado que diz: "na casa onde não há pão, todos ralham e niguém tem razão"... ;) Um beijinho grande e fica bem

Missies Blue disse...

o nº do acto... qualquer que ele seja, é constante. em algum momento, lugar, realidade...

como gostei deste post.

"- Eu..., eu sinto-me sozinha....perdida entre dois mundos, fraca e cinzenta..., cobarde.... orfã de quem por mim lute, de quem me puxe para perto dele e me aconchegue. Sinto-me orfã de um banco de jardim onde duas pessoas se amam com o simples estar entre um livro que se lê e um rosto que descansa nas pernas de alguém."
às vezes sinto-me assim, mas como sendo orfã de mim mesma...

quem escreveu este texto? foste tu Pescador? De qualquer das formas, têm algo de perfeito :)

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A. disse...

...deixa a cortina fechar.





outros actos virão N.querido.
temos de saber tirar a pintura já suada e partir...




...depois de tantos anos.
ainda não aprendi.



um abraço nestes agoras tão teus.

desculpa a minha falta de atenção.
estou cansada.perdão.