segunda-feira, junho 06, 2005

O dia em que o Pescador apareceu...

.
Praia da Rocha....


Distraido...,
olho para longe...,
e nem reparo na onda que chegou,
generosa e quente,
nem na areia,
húmida e só.
A meu redor reina o silêncio,
a voz do sal,
a transparência abençoada
da água,
que se repete vazia de inquietude.
E dela perto, as multidões despertas pela manhã
passeiam distraidas,
lavando as suas sombras com a vida do mar,
e ignoram....,
Também eu ignorando , quando por ali ia calado...,
mesmo com a espuma ao meu lado,
aos meus pés a sussurrar :
- olha para trás de ti !!
Mas eu não senti.
E os relógios soltaram as horas,
e os dias passaram.
Talvez não estivesse com os olhos enterrados numa poça de lama
mas seria por certo um charco,
o local d`onde algures,
eles viam as estrelas.
Não era má a cor do ermo
nem azul era a cor do lago
Talvez..., um talvez,
ou simplesmente a vontade de dormir

Então uma sombra veio...
E no minuto seguinte a noite ganhou cor,
que não aquela que a lua lhe dá.
A noite era azul,
doce,
adulta e fascinante...
E eu..., eu deixei-me levar por ela
Deixei-me ir no rasto de um pedido:
o insistente vaticínio de uma eternidade,
que nos lábios de um oceano
era a promessa de um momento,
intangível aos olhos de um homem,
mas não,
pelo olhar de um Pescador a sonhar.
E um farol guiou então os nossos passos ,
numa estrada azul,
sem princípio nem fim,
sem fim nem princípio.
E ali chegado,
não vi ninguém que me podesse receber.
Olhei para o lado
e por uma sombra era acompanhado,
mais bela que qualquer voz
que o sol podesse ter.
Depois...,
depois apreciei o vinho,
saboreei do mar a sua voz de sal,
o repasto ideal, para lábios que sedentes estavam,
da luz das estrelas,
do sabor do mar.
Deixei-me então levar pelo zumbido do céu,
sinfonia onde os acordes do vento
fizeram a magia,
no preciso momento
em que o solo de uma estrela
me fez sentir o prazer
de um todo feito canto,
cantando,
para um simples pescador ver...

Nada é eterno.
Nem o desejo foi génio nas rochas,
nem o tempo parou.
A maré,
essa veio...
Despiu a praia de azul
e deixou-me por companheiro
aquele que encontrei a sul
na pele de um sol estrangeiro
moribundo
Mas primeiro,
deixou-me sentado nas rochas,
e nas rochas sentado alguém ficou.
Abraçando o hoje,
temendo e desejando o amanhã.
Um Pescador,
e a forma de um anjo...
Separados por quem os juntou...,
... na voz de um verão azul
"

12 comentários:

Anónimo disse...

Que poema!!
Os traços de uma alma grande que dentro de ti reside...! Sê tu próprio e não deixes que se esconda esse teu "Eu", que no fundo é o teu verdadeiro ser...
Beijo*

Lady disse...

Fantástico poema!!! Um magnifico desabrochar... beijinhos / PS: a imagem não se vê!!!

Anónimo disse...

Aran-aran: Não se vê ou tá desfocada...????
é que esta imagem é uma pintura, não é uma foto ;-) !!

Lady disse...

Não se vê mesmo!!!! Está em branco com a cruz vermelha no canto....

Anónimo disse...

Que espanto... de perder o fôlego. Há expressões neste poema de cortar a respiração. Adorei :)) Que haja sempre um azul só teu... aquele que desejas partilhar com uma só pessoa. Um beijo enorme :) (Já ouvi a tal canção dos Coldplay no blog Nos Degraus de Laura e é realmente lindíssima :))

Anónimo disse...

Aran: Não consigo pôr imagens através do Hello como fazia logo ponho o link no template e eu vejo a imagem quando vou ao blog... o link é http://k43.pbase.com/u25/diasdosreis/medium/2101295.Digital0075.jpg para apoderes ver a imagem...
Mais alguém não vê a imagem ????????????

Anónimo disse...

Mas que poema...mas que poema!!! Simplesmente fantástico :)) Beijo grande

Anónimo disse...

O teu poema tem alguma semelhança com a praia da Rocha .(rs) ...também é extenso...! Feliz dia....bjs

Conceição Paulino disse...

"roubei-te este belo poema marinho, em azul e sombra. pettenço aum grupo k permuta poemas. Um destes dias envio-o e far-to-ei chegar tmb para veres k vai autenticada a autoria e blog. Boa semana. Bjs e;)

Anónimo disse...

Lindissimo poema...um dia destes vou ter com quem ainda ficou sentado...para me ajudar a entrar no mar de uma vida sem mágoa...Beijinhos!

Anónimo disse...

Pescador não consegui ver a foto, mas também não é preciso, o teu poema dá perfeitamente a imagem dela, do que ela nos faz sentir, do que ela nos ajuda a viver. O poema é tão lindo quando ela e olha fica a saber que descobriste o meu refúgio, essa Praia viu-me nascer, crescer e ainda hoje somos amigas inseparáveis. Beijinhos

Anónimo disse...

adorei, tão somente, coisas de pescadores :-)

mariis